quarta-feira, abril 30, 2008

Aprendendo a dar desculpas...



A surpresa é melhor quando vem do lado mais inesperado. Hoje minha diarista me ensinou uma forma de discurso indireto eufemístico muito mais genial do que o tradicional ‘o gato subiu no telhado.’

Nunca a vejo, apenas chego e me deparo com a casa limpinha e organizada e aquela folhinha azul grudada no ímã da geladeira: “falta veja”. Compro o item e deixo pra ela outro bilhetinho azul: “falta limpar o filtro do ar condicionado.” E assim vamos seguindo à perfeição: na nossa relação, não falta nada...

Mas hoje me deparei com um bilhete diferente: “SUAS TAÇAS QUEBRARAM ...” Simples assim.

Percebam. Não existe forma melhor de dar a notícia. Além de tirar completamente a responsabilidade dela pelo ‘acidente’, dá um certo ar de que ela até tentou evitar, mas nada poderia ser feito diante da decisão resoluta e irreversível de minhas taças: elas queriam quebrar.

Resignada, no lugar de ficar com raiva da Fátima, reconheci sua esperteza e resolvi aprender com ela e compartilhar seus preciosos ensinamentos com a blogosfera... Os três pontinhos no final da sentença têm o papel fundamental de dar o tom de caso fortuito essencial para que ninguém mais questione a fatalidade. E pensei nas inúmeras situações em que esse discurso indireto poderia ser útil. Mais ou menos assim:

Ronaldinho e os travestis: - As prostitutas se travestiram...
Nardoni falando pra polícia: - A menina se morreu....
Dilma e o dossiê: - O dossiê se escreveu e se vazou...
Qualquer um para o chefe: - O relatório não se aprontou...
Qualquer um atrasado: - A hora se apressou....
Lula e o terceiro mandato: - A Constituição se mudou...

E por aí vai. Não é preciso muita criatividade, só cara de pau.

2 comentários:

Anônimo disse...

HAHAHAHAHA!!!!! Adorei!
Isso me fez lembrar um caso passado em uma existência antiga de uma realidade quase paralela quando, também eu, quebrei um objeto. Talvez por ser apenas um vaso de barro sem nenhhuma personalidade, desses produzidos em larga escala, ao contrário das taças de excelente qualidade e gosto esmerado que você certamente possui(ía. hehehe...), sequer me dei ao trabalho de anunciar a tragédia: simplesmente recolhi os cacos e os depositei sobre a mesa de centro.
Passando por alto que eu tinha a firme intenção de deixar um bilhete me desculpando pelo incidente e simplemente esqueci (como pôde acontecer???), diria que fui ainda mais brilhante que sua "secretária": além de me eximir de qualquer responsabilidade sobre o "suicídio" do tal vaso, meu total silêncio sobre o fato levantou sérias dúvidas quanto à minha presença no local, na hora do ocorrido! Brilhante!!!
De qualquer feita, adotarei de imediato e com total convicção o "a hora se apressou..." para justificar meus reincidentes atrasos. Eu sabia que existia uma explicação...
Beijão!

Unknown disse...

Não deu vontade de responder: "Seu salário diminuiu..." ?

:-)