sexta-feira, dezembro 30, 2005

Do outro lado


Apenas girava o café. Põe um cigarro apagado entre os lábios sem esperar acedê-lo, no desleixo de vê-lo pender inerte, faltando-lhe o fumegante veneno subir-lhe pelas narinas... Contenta-se com o peso, com a angústia. Contenta-se girando o café para o lado esquerdo e vendo, só vendo, o vento brincar com os papéis largados na rua. Uma ciranda do improvável. E ele está nela. Na improvável posição de estar daqui a poucos segundos, do outro lado da rua. E este é novamente o último café, e está é novamente a última vez que se senta naquele lugar, mais uma das últimas vezes em que se imagina de frente aquele prédio, do outro lado da rua, experimentando o sabor real do sentimento tantas vezes provado entre cafés e cigarros.


Olhava pessoas como o mesmo compromisso com o qual mantinha ainda preso o pássaro de asas quebradas na gaiola ao lado da janela. Girando pensamentos em cirandas, em xícaras, na língua imaginária que explora a boca alheia em um beijo apaixonado. O café já estava frio. Mas sentia que iria deixar cair o peso da xícara sobre a mesa, levantar-se, pôr os pés além da muralha da linha da calçada, sentir a fúria da coragem, ultrapassar o meio-fio, ressoar passos no asfalto, ser o centro da ciranda de papéis, esbarrar nas pessoas de asas quebradas, jogar o cigarro ao vento, tocar-lhe os cabelos, sorrir-lhe um sorriso tranqüilo e assim seria o fim.


Abandonou sua xícara na mesa, levantou-se, pôs os pés bem na beira da calçada, sentiu cair sobre si a dúvida, deixou-se esbarrar pelas pessoas aladas, deixou cair seu cigarro morto no chão, foi o centro do turbilhão de papéis e medo, deixou-se carregar novamente para dentro dos limites da muralha, assanhou os próprios cabelos, chorou o choro da derrota e esse foi o fim.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Homens. Ruim com eles pior sem eles?

Faz tempo escutei alguém dizer essa frase, a diferença é que era uma afirmação.

Hoje estava pensando na minha vidinha e resolvi questionar se essa seria uma daquelas frases de efeito que por ironia do destino é totalmente, completamente, absurdamente verdade.
Será que a paixão dura mesmo no máximo pouco mais que um ano? E o amor? Acho que esqueceram de mencionar, será que é capaz de durar para sempre? “Até que a morte os separe”?

Talvez eu seja uma daquelas românticas inveteradas, mas minha opinião é que SIM, o amor pode durar para sempre. A paixão não. Sabia muito antes da divulgação da pesquisa que ela (a paixão) não dura muito. Mas o que eles não mencionaram, e que eu também sabia e sei é que somos capazes de nos apaixonar pela mesma pessoa várias vezes (isso não é lindo). Aconteceu comigo (perfeito). Talvez isso seja o amor, gostar de alguém muito, e ao longo da vida a dois, apaixonar-se várias vezes.

Então, será que só vivemos realmente bem se estivermos amando? Se tivermos alguém conosco? Será tão ruim assim estar com os homens? Será pior ficar sem eles?

Bem, a minha pouca experiência me diz que realmente é difícil conviver com alguém, mas pior seria estar sem ninguém do lado, é tão bom estar amando!
E vocês, caras amigas, o que acham?

Energia desperdiçada


Quarta-feira 10, de novembro de 2004
 
Vou ser crucificada pelo que vou falar, mas é isso mesmo. Essa gente que fica defendendo golfinho, baleia, urso panda é um bando de hipócritas!
Na ultima segunda feira, zapeando entre os míseros três canais abertos que conseguem ser captados pela minha antena fajuta o tédio do filme repetido mil vezes da TV globo e um programa chato da Record parei no programa do Ratinho!
É Amigos, o que o tédio e a falta de TV a cabo não faz com uma pessoa! Pra variar o cardápio, é claro que tinha gente se degladiando por algum motivo incompreensível, e acima de qualquer coisa se xingando, que é o que garante a audiência...
Donos de Circo X Defensores dos Animais! Os primeiros dizendo que os animais são bem tratados, tanto que até se reproduzem em cativeiro. Os outros dizendo que até escravos se reproduziam em cativeiro! Ponto para o time verdinho...Uns dizendo que o adestramento é feito com violência os outros dizendo que na educação até mesmo de um filho as vezes é preciso ser "firme" (papo manjado né não?). Verdinhos na frente... Até que eu estava achando tubo muito razoável (principalmente para o programa em questão) foi quando uma moça defensora dos animais possessa pelas alegadas "mentiras" dos donos de circos, se levantou da sua 'área' foi até o território inimigo deu aquela cusparada bem na careca de um distinto dono de circo que disse passando um discreto lencinho na cabeça, que nunca nenhum dos animais dele tinha feito tal coisa! (eita!).
Logo depois foi a vez dos animais do circo entrarem no palco (quem foi que disse mesmo que até que estava bem razoável?) para demonstrar como são saudáveis e bem tratados, todos devidamente encoleirados e deixando suas necessidades fisiológicas no palco... Foi ai, que a referida moça da cusparada começou a chorar feito louca, em prantos, gritando palavras de ordem!
E eu, do lado de cá da TV e do meu tédio pensando: "Putz, nunca vi ninguém assim lutando pelas crianças que morrem de fome... Melhor ser mico de circo...".
Pollyana

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Era uma vez a televisão

É incrível como a TV sempre é capaz de me deixar admirada.
O assunto da vez: Bruna Surfistinha x Samantha
Nunca se cansam de sensacionalismo?!

Estava eu em mais uma noite tranqüila, mudando de canal sem parar como sempre, quando me deparo com mais uma dessas coisas bizarras que a tv é capaz de nos proporcionar.

A “mãe de família” que foi deixada por uma prostituta. Quanta mediocridade estar expondo a vida alheia assim, pior, é se deixar mostrar, talvez pior que isso é quem assiste (eu juro que não assisti), quem está realmente interessado em saber da vida alheia.

Será que podemos mesmo dizer que a tv é quem deixa o povo burro, ou a tv (aberta) mostra o que o povo burro quer ver?

Voltamos pra velha questão da educação, e por que não dizer da pobreza do povo brasileiro, com certeza as pessoas mais pobres preferem ver a desgraça alheia a ler um livro, ou se preocupar com coisas realmente importantes.

Já desisti faz tempo da tv. Há coisa pior que programação de domingo? Se houver me avisem, porque desconheço...

E eu que tinha esquecido dos sensacionalismos volto a ter certeza que nunca irá acabar, porque sempre haverá apresentadoras “burras” (nesse caso, em todos os sentidos que essa palavra possa ter), e sempre haverá aqueles que querem ver as desgraças alheias.
Será melhor esquecer?

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Manga com Leite

Acho que desde que me entendo por gente (será que faz tanto tempo assim???) sempre escuto a conversa de que comer manga com leite faz mal... Um mal danado e assim com L, misterioso e aterrador, mas que ninguém sabe ninguém nunca viu, mas sempre tem um engraçadinho para vir contando um lenda urbana tirada do bolso onde o primo-do-marido-do-vizinho-do-cunhado-da-irmã-do-amigo-de-um-amigo-seu (ufa!) comeu manga com leite e passou mal e morreu. Pobres criancinhas inocentes arregalam os olhos e acreditam fazer o quê? Comer para ver que bicho dá? Nem pensar né??

Dizem (verbo tão indefinido quanto ao sujeito quanto o mal com L lá do começo) que essa estória toda foi inventada pelos fazendeiros para evitar que os escravos tomassem do leite das vacas (já que se alimentavam das fruteiras da fazenda, incluindo ai a famigerada manga).

Mas eu, depois de umas mordiscadas de manga aqui e acolá e golinhos fugitivos de leite depois ao longo desses anos, sinceramente acho que bem que merecia uma versão new age dessas coisas que fazem maL. Dirceu + Poder. (Dá mensalão! Mas se preocupa não que depois tudo vira pizza...).Ladrão + Oportunidade. (Dá rolo!).Fome + Vontade de Comer. (Dá Celulite...).Mulher bebada + Telefone (Dá merd..)...

Cada um vai imaginando crendices ou "verdadeirices" do que faz maL. Eu comecei a escrever a minha lista por uma que considero a pior de todas: Felicidade + Condição. Faz maL. E como faz...