terça-feira, maio 27, 2008

What is real?



No meio do seu silêncio escutei meu coração quebrar.
Trincando parte por parte sem cair no chão os pedaços.
Manteve-se dentro do meu peito indeciso sem saber se deveria continuar batendo desse jeito doído e descompassado.

quarta-feira, maio 14, 2008

Retalhos


Estou apaixonadíssima.
Pensei em acabar bem ai, nesse ponto final. Mas lembrei... 
Ponto.
Lembrei que você odeia minhas meias palavras, minhas reticências, esse ponto final abusado. Eu lembro de que a dúvida (ou a consciência dela) não é o seu melhor... (Desculpe, olha elas ai novamente, mas não as pude evitar!)
E sabe que acho meio patética essa coisa hiperbólica e fatal, sufocante, “íssimo”. Mas é fato. Estou apaixonadíssima e todas as vezes que me invade essa idéia ainda mais ridiculamente “íssima” me sinto talvez apaixonada o suficiente para transpor as barreiras do silêncio, que já dura o quê? Você contou? Urgência se mede por centímetros, quilos, segundos???
Não vem ao caso... O fato é que estou apaixonadíssima e amando o ponto final da primeira linha. Contente-se com ele.

terça-feira, maio 06, 2008

Busca-vida


Por favor, respondam.
De que me serve um dicionário que assim define um verbete:
Busca-vida: S.m. 1. Fateixa sem patas, cujos braços terminam em ponta, usada para rocegar objetos; garatéia.

Fateixa? Patas? Braços? Rocegar? Alguém captou? Não tem problema, vou te dar o sinônimo que vai te ajudar: garatéia.


Cumã? Juro que tentei imaginar a tal coisa e não consegui nem começar. Hômi, eu que não vou rocegar objeto nenhum com esse troço... Como costuma dizer minha mãezinha diante de coisas sem muita explicação: "- É bem capaz de ser essas surubada desse povo de internet..."
E vocês aí que gostam de internet que fiquem espertos com as fateixas sem patas por aí...

Queimando navios


Não costumo tentar entender como consigo errar tanto e por tanto tempo, mas dessa vez não ia bastar jogar o passado no abismo, era preciso me inclinar e ver se estava tudo bem morto. Explico.

O gesto aparentemente simples de abaixar-se para pegar algo que fingiu ter derrubado, deixando a blusa escorregar pelos ombros, deu-me a certeza de que eu teria aquela mulher. É claro que não pensei que levaria tanto tempo, ou que eu queimaria tantos navios numa aposta só. Logo eu, conhecedor de tantas artimanhas, tenho que admitir que com ela peguei o caminho errado.

De início, imaginando que ela fosse gostar de ter em mim um romântico admirador, lancei-me tortuoso na conquista que tinha como base uma fingida expressão de que estava muito interessado em tudo o que ela dizia. Não demorei para perceber esse primeiro engano, e passei a usar a máscara seguinte: fazendo-a pensar que depositava ali muita confiança, contava-lhe pequenas parcelas de segredos sem importância. Mas antes que pudesse colher os resultados, e decerto não os veria, surgiu a grande chance: momento de fragilidade.

Difícil não parecer covarde em valer-me dessa óbvia possibilidade, mas diante do prêmio isso deixava de ter qualquer relevância. E quando enfim começamos a perder juntos a noção da hora, não gostei de perceber olhos abertos velando meu sono calmo. É que talvez pela primeira vez eu estava diante de alguém que jogava com a segurança que só um royal straight flush nas mãos pode dar. E se blefava, seria ainda mais encantador imaginar que o fizesse tão bem.

Eu só teria mais alguns artifícios, e me perguntava se deveria usá-los para conseguir desvendar o mistério, ou se deveria permanecer intrigado aproveitando tantas boas sensações. Queria eu ter a placidez daqueles que optam pela segunda opção, mas logo me vi fazendo-a acreditar que entreguei meus olhos para ela tomar conta.

E quando ela enfim acreditou em tudo e cerrou as pálpebras para dormir me deixando ver suas cartas baixas, a luz do dia clareou meus pensamentos com a certeza de que era hora de partir dali. Não sei exatamente como eu faria para ela me mandar embora, mas isso provavelmente aconteceria quando ela percebesse que fiz todas aquelas promessas que nunca poderia cumprir.
E se me perguntassem por que destruí uma das poucas coisas que consegui viver, eu só saberia dar uma resposta tão evidente quanto decepcionante: medo.

segunda-feira, maio 05, 2008

Perspectiva


Por ter deixado para trás a minha terrinha querida, às vezes sou acometida por desejos gastronômicos de difícil concretização...
É mais do que a clássica vontade de comer feijão e tomar guaraná de quando se viaja para o exterior. Falo de algo maior, de uma saudade que não passa mesmo quando se come a tal coisa, que mais se parece com a saudade que também sentimos de iguarias importantes na infância e que não se encontra mais hoje em dia, coisas como ‘Dip n’ lick’, Drops, Surpresa, Zorro, etc.
Alguns artigos são fáceis de encontrar aqui em BsB: tapioca, carne de sol, canjica, pamonha, macaxeira cozida. Outros, quase impossíveis: queijos coalho e manteiga, arrumadinho, codorna, cachorro quente (com carne moída), canudinho (com carne moída), pastel de açúcar (com carne moída).
Aqui soa como uma aberração falar nesses três últimos com carne moída: no cachorro vai só salsicha e molho, no segundo (believe me!) vai doce de leite e o terceiro não existe por essas bandas e o pessoal acha muito estranho um pastel que por fora é de açúcar, por dentro é carne e que se comido frio também é gostoso... (Explicando assim, confesso que parece estranho mesmo, mas ô trem bom!)
Mas recentemente aconteceu comigo algo muito maior que essa saudade cotidiana. Quem viu Ratatouille vai saber do que estou falando: perspectiva.
Na cena do filme um determinado personagem come um prato que o remete imediatamente a uma cena da infância que o faz sentir saudade e nostalgia, o que logo o leva às lágrimas (e aos telespectadores mais sensíveis como a que vos fala também...).
Eu adorei a cena, mas nunca havia sentido isso até que ganhei de presente umas pipocas Karintó (aqui em Brasília só tem da doce e é de outra marca: Bokus).
Pois bem, sem imaginar os efeitos que aquelas singelas pipocas que em minha terra valem míseros centavos exerceriam sobre mim, abri logo o pacotão e tirei uma de dentro.
As primeiras pipocas ainda se desmanchavam em minha boca quando eu simplesmente comecei a rir e a chorar ao mesmo tempo. Foi um sentimento que me tomou tão rapidamente que nem tive tempo de me preparar para o que viria: imediatamente o cheiro e o som do intervalo das Damas (minha escola) estavam bem ali, na minha frente. Eu vi minhas amigas Polly, Rhafa, Herllange, Isabelly, Jéssica, todas de farda (uniforme) azul rindo pra mim e milhares de mãos atacando um único pacote de pipoca cujo cheiro não nos deixaria até o final da sexta aula... Eu estive lá de novo.
Naquela época, a pipoca não durava muito e custava trinta centavos. Hoje é eterna e não tem preço.
Queria que vocês pudessem sentir isso também...

sexta-feira, maio 02, 2008

Perdoáveis confusões


Quem nunca fez uma pequena confusão com ditados populares, frases feitas, palavras mais complicadas, que atire o primeiro comentário discordante...
Para atender a reiterados pedidos, registro algumas das mais preciosas frases confusas que já tive o prazer de ouvir. A maioria é de autoria de minha querida mãezinha, que, dizem as ‘mais línguas’ (essa já é uma das pérolas), roda em sistema operacional ainda desconhecido. Divirtam-se.
- A bala ficou ajaulada na cabeça do rapaz.
- Por que você não põe o carro na bengala?
- Mas é uma maria de primeira viagem mesmo!!
- Vou te contar, ele adora tirar dos ricos e dar aos pobres, só quer ser Peter Pan...
- Você vai sofrer o pão se não seguir o meu conselho...
- Eu tô quase desistindo, vou jogar o penico... (resposta pra essa: - Por favor, ou você joga a toalha ou pede penico, mas jogar o penico vai ser meio complicado...)
- Ele estava dirigindo um Ford Palio...
- Eu sei o remédio: é bergamota de potássio!
- Olha só que barbeiro, vou xingar esse cara: FUCK MY ASS!!!
- E quem ganhou o caminhão do Faustão foi: EDIVALDO DE SOUSA! Olha só, quem ganhou foi um cara de Sousa... (resposta: - Digamos que Sousa é mais comum como sobrenome do que como cidade...)
- Ele titibia, titibia e não se decide...
- Para bom entendedor duas palavras bastam...
E se eu lembrar de mais alguma não deixarei de registrar.