quinta-feira, janeiro 25, 2007

Feliz como uma Bola de Sabão


Passou longos segundos contemplando o invisível a formar o visível. Lembrou-se de algo sagrado, talvez Deus, Amor, ou algum conceito difícil assim que um dia tentaram lhe explicar, e não sabe bem se entendeu.

A menina ajeitou-se sobre o banco da praça, pegou sua varinha vermelha de ponta arredondada e mergulhou dentro da solução de água e sabão. Puxou-o de volta e deu um longo suspiro puxando o ar para dentro de seus pulmões. Tudo dependia daquele momento. Preparou seu melhor biquinho de assobio, fechou os olhos e soprou tão suave quanto seus melhores sonhos podem ser... E deste sopro se formou uma enorme bola de sabão que com lentidão se desprendeu da ponta da varinha.

Uma alquimia secreta que resultava em um instante suspenso... A perfeição frágil ia se transmutando em várias cores, talvez seguindo os pensamentos que foram soprados para dentro dela. Cores de arco-íres em dias de sol... Contemplou por segundos intermináveis que planavam tal qual essa euforia estéril e volátil alojada em algum lugar entre a ponta dos cabelos e os dedos dos pés.

Vibrava ao sabor do vento, e a temeridade do fim agitava a alegria sem motivo que sentia, e por vezes se temia que seu mero respirar fosse a pequena agulha a estourar sua felicidade sem razão.

Passou um homem jovem pela calçada com os olhos a catar razões pela calçada. Olhou incrédulo para aquele momento suspenso pelo tempo. Espetou de realidade a bola de sabão que se desfez.

E a garota apenas sorriu.

O homem apenas pôs outro passo no caminho.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Sonhos na Vitrola


Um sono enorme!
E espanto-me com minhas próprias habilidades em executar tarefas mil nesse estado de torpor. Telefones tocam, e teclas cheias de letras. Sopinha... Mesmo assim pude ver um cachorro arrastando a dona pela rua, um casal esperando a vida passar abraçados, e uma chuva invertida a molhar-me só os pés. Um caminho de sonho surrealista... Em ondas que quebram em uma praia de areias brancas, onde repousam algumas dúzias de conchas e lembranças. Meu biquíni azul de lacinhos brancos... Lembrei-me de Miró e seus amores em cores primárias... Até do cheiro dos quadros. E de uns dias sorridentes como comercial de creme dental. Além de um jazz vibrante rolando na minha cabeça como uma vitrola velha, tão antiga quanto as minhas memórias de vinil. Mas não era disso que eu queria falar. Viu só? Sandices de uma mente cambaleante! Sono... Talvez ao acordar vou lembrar do que quis dizer...

terça-feira, janeiro 02, 2007

Próximo Ano Novo!


Meu tio é um gênio (mesmo sem ter consciência disso....). Esse ano na reunião da família resolveu inovar... Preparou um vídeo de montagem de fotos com trilha sonora e tudo! E no final para coroar a novidade tecnológica escreveu em letras garrafais seu desejo mais sincero: Um Feliz Natal e um PRÓXIMO Ano Novo!
Pode até ter errado no português, mas acertou em cheio no desejo dos brasileiros, pois no Brasil de 2007 acho isto é o máximo que se pode esperar. Afinal de contas, após as ‘turbulências’ do setor aéreo é só o que se tem depois de passar horas e horas no aeroporto aguardando sabe-se lá o quê! Brasil!

Desconfio que até o Papai Noel tenha ficado preso no Tráfego Aéreo e tenha tido seu saco de presentes extraviado (quem sabe enviado para as Ilhas Cayman! Ouvi dizer que muitas “malas recheadas” acabam indo parar lá...).

Próximo Ano Novo para todos os mensaleiros e Sangue-Sugas, Próximo Ano Novo para os reeleitos, para as obras superfaturadas, desvio de verbas e violência generalizada! Próximo Ano Novo para todos aqueles que esperam alguma mudança!

Somente um Próximo Ano Novo com as mazelas velhas para apagar as memórias precárias, aplacar antigas (e eleitoreiras) rixas, fazer-se esquecer o que já estava por esquecido, e comprar (com muita troca de favores e negociatas) aqueles que ainda não se calaram.

Pois não a nada como um dia atrás do outro com um carnaval no meio para não resolver as coisas pelas bandas de cá!