terça-feira, agosto 28, 2007

Call me irresponsible


Parei em frente ao prédio dela e esperei um pouco. Ela logo chegou, depois de fingir um leve atraso. Vestido vermelho, perfume bom. Eu procurei primeiro a boca porque sabia que se eu buscasse o olhar seria prontamente reprimido. Mas demorei demais e ao invés da boca estava lá o olhar inquisidor junto com a conhecida qualidade que as mulheres costumam atribuir a mim:
- Irresponsável!
Eu já sei tudo o que vem depois. Além de não confiável, vem junto imaturo e insensível. Enquanto você diz isso seu vestido vermelho tenta me dar a pista de que você quer fazer as pazes ainda aquela noite. E eu tenho que me concentrar bastante nele para não olhar para você e simplesmente pedir que cale e saia.
Olhando pro seu rosto com raiva tão lindo eu desisto de desistir e lanço o meu primeiro álibi para me desculpar e negar tudo o que disseram que fiz. Sua expressão demonstra que esse foi o mais estúpido de todos. Já fui bom nisso. E o segredo é simples, se acreditar no que diz, não estará mentindo.
Mas se você acha realmente tudo isso de mim, por que insiste? Eu já não sou tão bom nas escusas, e mesmo assim, você está ali, com a produção inteira me dizendo que não está acabado como o seu discurso ensaiado quer me fazer acreditar.
Com o tempo aprendi que não sou tão ágil quanto você nessas conversas, mil argumentações, por isso sei que se eu só te ouvir, sua raiva passa, e você me perdoa sem que eu precise dizer quase nada. Por que as mulheres se tornam tão incrivelmente chatas com o tempo? Não basta saber que eu gosto de você? Tem que ter todos esses outros complicados requisitos? Se você não me fizesse perguntas, eu não precisaria mentir. Bastaria que você entendesse que somos diferentes, e aquilo tudo que pra você é grave, não diminui em absolutamente nada o tanto que gosto de você.
Mas ninguém jamais terá coragem de sustentar isso em público. E a gente segue mentindo. Tendo que ouvir todos os xingamentos mesmo sabendo que o vestido já adiantou o happy end. Ora, se você já sabe que isso não vai ter importância, não seria mais fácil pular todas essas etapas? Não é possível que essa parte da noite esteja sendo divertida pra você. E quando ainda estou no meio desses pensamentos, você respira e diz:
- É isso, te perdôo com essa condição.
E eu aceito de pronto. Sem pestanejar. Claro que sei que não vou cumprir. Claro que você sabe que não será atendida. Mas o seu decote já se aproxima. O olhar inquisidor já está embaixo das pálpebras cerradas e o beijo que desejei bem antes chega atrasado. E aí pergunto: existe um culpado se conhecemos todas as regras? Eu posso reclamar de sua chatice se chego pra te pegar depois do que fiz ontem? Você pode esperar de mim algo novo se entra no meu carro com esse vestido depois do que fiz? Sabemos de tudo, mas pra quê conversar sinceramente?

quarta-feira, agosto 22, 2007

"The lives we lead, and the lives we wish we led."


Só volitando...

Passei meus dias assim... Lambendo palavras, das doces as amargas.


Tosse e aspirinas...