terça-feira, julho 29, 2008

O Oráculo do Chá

Estava eu preparando o meu singelo chazinho noturno de hortelã, (daqueles de pacotinho mesmo...) quando reparei (depois de anos!!!) que na etiquetinha do chá vem escrito umas frases de pensadores famosos...
Para mim ontem, e me fez muito sentido, o oráculo do chá me disse:

“Se a razão que faz o homem, é o sentimento que o conduz.” (Rousseau)

terça-feira, julho 15, 2008

A Chuva



"Ouvia a mesma música repetidamente.
O fim emendava-se ao começo em um ciclo perfeito. As palavras serpenteavam por dentro daquela sala, enrolavam-se entre os seus dedos e ainda assim não sabia o que dizer.
Talvez por que palavras fossem só palavras e não ardiam naquele papel como os sentimentos que lhe queimavam o peito... Ou talvez pela pura incapacidade de domá-las e alinhá-las dentro de linhas, parágrafos, que contivessem segredos, profecias, que tocassem o passado e abraçassem o futuro.
E roga...
Roga por pensamentos como chuva. Como fim e começo.
Conseguia rir e chorar nos mesmos olhos e lábios, convulsa e convencida e de todas as incertezas amontoadas no corredor.
Até que a mão dele pousou sobre o seu ombro...
Atou todos os minutos, calou todos os sons, conteve todo o pulsar e pôs-se ao seu lado. "

Thank you dear friend to be always with me.
Imagem: http://browse.deviantart.com/?q=rain&order=9&offset=48#/d1k9kih

sábado, julho 05, 2008

O Tiro


Ele fica na espreita.
Espiando pelas brechas... Nas frestas de uma fraqueza qualquer. Estreitezas forjadas por brasa quente em uma pele fina. Tramas e correntes. Artimanhas. Ardis.
Posiciona-se novamente e lembra os porquês. Para não ser levado pela correnteza e agora para ser levado por ela. Sente o peso da arma sobre o ombro direito.
Um espaço. Um raio.
É só do que precisa. Porque crê que possa crer.
É o prumo, o rumo sem setas.
Tiro.
Hesitação, alívio e medo escorrendo pela testa.
Alvo ao chão. Ele e suas metas tão estreitas, retas.
A arma fica mais leve. Os ombros mais pesados.
Um tiro e esse equilíbrio manco...
É tudo que têm.
Não há mais alvos nem arestas.
Não há pistas ou inimigos.
Respira o cheiro da solidão e da pólvora.
Só resta o peso desse vazio arrastado de fim.
Finais.
Sobra uma bala...
E um só alvo.

terça-feira, julho 01, 2008

Qui pro có


A expressão em latim quid pro quo, escrita no bom português quiprocó, tem significado de ‘isto por aquilo’, ‘toma-lá-da-cá’, ‘uma coisa por outra’.
Nem sei se este significado original se distancia tanto assim daquele ao qual se usa atualmente por aqui... Afinal, esse ‘toma-lá-dá-cá’ muitas vezes gera um verdadeiro quiprocó... Ou seja, uma confusão dos diabos, já que as pessoas estão cada vez mais viciadas a travarem suas relações pessoais na base do mercantilismo sentimental.
Não sei se eu tenho tendências menos ‘sentimentalmente capitalistas’, ou talvez eu seja uma utópica subversiva, só sei que nunca me acostumei a esse quid pro quo dos sentimentos...
- “Me dá lá meio quilo de atenção que eu te dou uma graminha de consideração!”
Aplique-se a isso juros de 5 ligações ao mês e correção monetária de uma mensagem simpática por dia de atraso e você terá uma divida de sem fim!
Eu não...
Eu gosto é de sorriso gratuito...
De abraço apertado e de saudade dolorida...
Eu gosto é da lembrança e da companhia sem pretensão...
Da atenção dos sentimentos reais.
E isso meus amigos... Dá um quiprocó... Ninguém nem imagina...