sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Aviões de Papel



Nem Fim nem Começo. Assim ele é. Assim este texto sem começo o valha nem fim o arremende, mas diz ele, que essas pretensões são para os limitados... Que seja então...
Conheci outro dia o Afredo. (Dado irrelevante?)

Diria que esquisito demais para que eu simpatizasse sem pretextos, interesses ou afins (Questionamentos sobre os “afins” incabíveis!!!).

Descreve-lo? Seria previsível cair na vala comum das descrições óbvias, mas fugir dos estereótipos nunca foi meu forte (e até tenho os meus, podem acreditar! Da classificação “rasa” e “superficial” até a “complexa” e “profunda”.... Vá se entender uma coisa dessas!). Nada mais do que moreno, alto (Não... “bonito e sensual” vai estragar a imparcialidade!), roupa que faltavam ser passadas, óculos caídos por baixo de um cabelo desgrenhado que merecia um bom corte, entre outros modos que prefiro deixar por conta do “imaginante”...

O vi pela primeira vez, (ou assim lembro a primeira vez que o notei), estava dedicado a intensa fabricação de aviões de papel, jatos, concordes... Dirigidos à mesa de cabeceira, que imagino, fosse seu “Porta Aviões” particular invadindo um país inimigo qualquer...

Ao lado da sua cadeira marrom puída deitava-se sempre preguiçosamente o Fred, seu labrador com cara de desinteresse pelo mundo enquanto dormitava lambendo sonhos caninos saborosos. Por vezes levantava o focinho para ouvir as conversas labirínticas dos amigos dos seus donos, sempre cheia de palavras com mais de três sílabas... (Porque vocês sabem, filosofia que se preze não pode ser explicada com monossilábicos... Eu sei, eu sei...) Talvez esse fosse o motivo de Fred dormir tanto... Causava-lhe imenso tédio... Horas e horas de uma complexidade sem razão. Se alguém lhe perguntasse algo responderia entre um bocejo preguiçoso e outro tudo o que precisavam saber em duas latidas.

Alfredo estava sempre à beira do fim. “Conclusões infinitas”, por mais que isso pareça paradoxal. Todos os dias era o último dia que fumava, e o último cigarro, e talvez por isso tivessem adesivos de nicotina espalhados e colados por todo lugar. Talvez por isso segurasse um cigarro apagado entre os dedos, por que dizia assim enganar a si próprio, e eu no cumulo do meu auto-engano pensando que isso não era possível...

Ontem lembro que ele disse algo imprescindível, como todos os “algo” que ele tem a dizer depois de minutos intermináveis de silêncio e três jatos de A4 depois. Uma frase de Oscar Wilde me confidenciou no final...

“You’re not young enought to know everything”

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Uma Carta Ao Futuro



Preâmbulos eu só leio no final.E se eu gostar do que li no “durante”. Sou uma pessoa meio na contramão... Mas isso não vem ao caso... Achei por bem, “preambularmente” explicar, assim, no começo mesmo, que esta é uma carta endereçada ao futuro. É a idéia de um site interessantíssimo que tive o prazer de esbarrar outro dia... Segue uma dessas garrafas jogadas ao mar.

Here I am, trying to write the deepest thoughts and feelings from my heart, just to amaze you at an ordinary day, and maybe, with some luck, provoke a smile, a deep breath, and a bunch of good memories.

But all I see is this blank page to be field in. And I keep thinking what this me in the present could say to this you in the future that could touch you somehow, or be considerable enough. Isn't that the idea?

All I have are words that seen from here get lost in the distance of time. Now I realize that what fear about you is just the same. Getting you, and everything we built this way along, (didn't we?) lost in time and distance makes me feel sad, and I know that I shouldn't.

I like to think that everything will be different, I just don't like to remember the fact that different isn't necessarily better… Sorry, but like ever (remember?) I'm a bit lost on my own concepts of good and bad.

Maybe I should say that right now I have been married for a month, and all the things that I thought that would be good are better, and the ones that I thought that wouldn't are surprising me as good discovers that I was wrong, that the people can (and they do) try to give their best. Isn't that incredible? I'm deeply happy, and as I always thought happiness makes you float upper your own existence. If you ask me today 'what else' I wouldn't be able to answer. I wouldn't know. Wishes? I'm full of. The best ones. Believe me…That includes you, of course…

But for the future… I imagine if you will be still around…(I would love that…) Or if I will …(I hope I would, and love that to, so please don't hurt me ever…) And if you (at this time) had finally found what you're (and me) looking for. From know, I also try to imagine if you have done big things, or if I had, if had discovered the meaning of life, did something you fear to, got yourself (all parts of it) together, visited a great place, took an astonish picture, held someone very tight, wished the best truly, cried out the regrets, kept some dreams untouched, loved deeply and all the other things we all wish doing at the endings and at the begins.

Maybe it's time and place for confessions and excuses… Maybe it's not… It will never be. Or maybe one year from now there won't be anything else to explain. (Much better this way, right?).

Is today, with this 'futureme' mail, still an ordinary day? I hope not. I hope you call me to say this. If you don't, you can't say that I haven't tried. But anyway I must say 'thank you' for everything you've done, the presence, the silence, the truly happiness that I saw in your face at my weeding, the friendship when nobody else could be and mean this to me. 'Thank you' for all that I hope you will continue to be and mean, and if you don't, know just that you were very important to me as a challenge, as a lesson, as life.


Para ler ao som de Little Joy: http://www.youtube.com/watch?v=cr2VgfsAxFk