terça-feira, maio 18, 2010

Forma


Você me deixou tateando no escuro.
Com a mesma boca entreaberta e idiota tão ridicularizada por mim, antes de tudo, ao ver uma cena assim. Alguém no meio de uma palavra que nunca encontrou caminho. Com as mãos buscando pateticamente formas ausentes.
Estupefata inércia, eu diria, se naquele momento articulasse idéias além da realidade que me cobria. O fino pó de consciência e tempo.
E se dissesse que voltaria, que se recolocaria naquele espaço vazio ainda desenhando na minha cabeça, e contornado pelas minhas memórias absurdas de uma presença que nunca existiu, ainda assim estaria no escuro do meu pavor.
Hoje abriam as janelas e deixaram escapar aquele ar pesado das nossas respirações. Os lençóis ainda estão marcados pelo peso do seu corpo, e talvez essa seja a única sinal real de que um dia esteve naquele lugar. Não deixei que os levassem. Quero as provas da presença e da ausência, da lucidez e da loucura.

Imagem: http://ffffound.com/image/331c951184543125a9bdf00b3a40a7ec15cab347

6 comentários:

Anônimo disse...

Parece que vc me leu...
De uma forma simples e forte a qual nem eu poderia descrever melhor.
Belo texto, parabéns ;)

D.Ramírez disse...

E q na loucura consiga ser tao boa quanto na lucides. Belissimo como sempre.
Feliz q retornou, tbm ando meio sumido dos blogs,mas entado visitar na maneira do possivel.
Se gostar de jogos de 7 erros postei um;) rs
Besos!!!

Anônimo disse...

Já fez melhores,bem melhores.

Pollyana disse...

Prezado(a) Sr.(a) Anônimo,

Agradeço pela gentileza da visita.
Bem como pelo comentário sincero. rs
Volte sempre se assim desejar ou valer a pena!

Hecton P.Domingos disse...

Anônimo,

Você vê o mesmo verde que eu vejo? E se o meu verde for um amarelo? Ou preto?

Nossa capacidade de abstrair informações, nem sempre são as mesmas a cada olhar, a cada suspiro que nós damos. Acho que de certa forma, estamos propícios a variações de estado, de sensações.

O ponto é, quando se quer apenas minimizar a qualidade literária do autor, qualquer desculpa ou mesmo comentário sem nenhuma gota de construtividade, apenas pela vontade de ir contra a maré, se comenta. Desculpe a fraqueza, mas assim como o que escreveu foi sua posição, seu ponto de vista, eu escrevo o meu.

Quanto ao texto, sempre admirei a destreza com as palavras e a forma escrita de expressar os sentimentos que nem na maioria das vezes existem palavras. Cada texto é singular, pois a cada sentimento o ponto de vista se foca em ângulos que os normais não vêem.

Um forte abraço.

Anônimo disse...

uau...
minha clarice...
muito bom!
morte aos anônimos q n assinam seus protestos...
saudades polly, apareça!
rodrigox