Se acreditasse nas coisas inexplicáveis - e devo acreditar, mesmo sem saber como, assim são as coisas inexplicáveis - pediria que me ensinassem a não querer.
Ajuda-me a anoitecer e a amanhecer. A não estar sempre a um passo do precipício, em estado de paixão arrebatada pela queda inevitável.
Permita-me que o vento me sopre até o avesso, virando e revirando até que nada reste. Que eu possa assistir as idéias serem consumidas como combustível, as velas nesse altar de incoerências.
Pediria de mãos unidas suplicantes que me livrasse do gosto do fim, do travo. E que raios de condenação me abandona à fúria desse olhar de desapego com o qual ela me açoita? Livra-me da memória, do gosto, do desejo, e dessa imensidão que me apavora ao não estar atado.
Amém.