sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Rounding and rounding...



Perdão.
Cumprimentos em linguagem enigmática. Usuais.
Só penso “extraordinário, extraordinário” em uma lógica incoerente e cíclica, sem muito senso, querendo sentir um infinito que não me cabe cheio de umas miudezas colecionáveis, e sei que é essa a sua matéria. E novamente...
Perdão.
O sol ardente queimando lentamente e imagino-o sádico e carrasco. Talvez seja a gentileza. Colocaria todas as mesuras no liquidificador, junto com aquele aceno.
Perdão.
Mas me curvo. E bebo com as mesmas duas pedras de gelo de sempre. Girando com o dedo e apagando os incêndios com conta gotas.
Extraordinário mesmo, e ainda continua girando, é esquecer.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Amor Branco e Preto



A mão espalmada sobre a mesa. Cinco dedos retos esticados. E ainda lembrava dos telhados além das janelas e da estrela do mar que esqueceu enquanto mirava a faca entre os lances dos dedos. O propósito ou a falta dele lhe espetou mais uma vez. Faca ao invés dos pincéis.
A gota de sangue brotou rapidamente da pele lacerada, farta e intensamente vermelha. Uma intensidade que lhe faltava de alguma maneira que não sabia explicar. E sentia falta daquela cor, do vermelho dos seus lábios, ou do verde de uns olhos distantes espiando pelas frestas das janelas. Aquelas que estão abertas e que miram telhados e um céu cinza cheio de histórias caladas.
Levou o dedo à boca sentindo o gosto de ferrugem forte. Aquele gosto vivo, que arregala os sentidos e desperta o primitivo instinto de defesa. Mas já aprendeu a sangrar, é isso que dizem as cicatrizes.
Abraçava meu vazio e dizia que era um profundo mar azul para mergulhar. Antes adivinhasse marés.
Roubaram-lhe as cores ou nunca as teve. E essa tela pendurada na parede desbota um pouco mais a cada dia.
E só quis que pintasse esse amor branco e preto.

Imagem: http://ffffound.com/image/3227ec97d7d24016ab3c1d6ef0453efd576a1461