segunda-feira, março 27, 2006

Conversas Banais, Vidas Banais


Conversas Banais de Elevador.


Sexto andar.

Sacudidela no estômago, blin-blons e ela entrou.

Botão freneticamente apertado para informar a pressa inútil ao elevador. A porta finalmente abre no sexto andar, e distraído estava ele.

Entra com passos macios e se posiciona ao seu lado. Um cheiro de almíscar. Açucarado. Batom suave e olhos fixos na porta que acabou de se fechar.

Pretende o anonimato da memória sempre deserta. De soslaio mede o corpo ao seu lado.

Quinto andar.

Deseja um martelo e a força. Ensaia mentalmente alguma frase de efeito. Sempre almíscar e aqueles pés brancos moldurados pelas sandálias...

Quem sabe diga uma “boa tarde”. Não. Jamais.
- “Boa tarde”

Voz conhecida, e o “boa tarde” de sempre a lhe espetar.
- “Boa tarde. Fazia muito tempo que não lhe via. Está igualzinha”.
Soco direto de esquerda.

Quarto andar.

Nunca reparou nela realmente. Tom irônico eterno.
- “Três anos e você também me parece igual”

- “Está bonita, o que tem feito?”.

- “Uma coisa aqui, outra ali. Sabia que casei? Estou grávida. Dois meses. Acho que é um menino...”

Olhou ternamente sua barriga. Sentia um gosto de passado na boca. Amargo. Eterno. Finalmente viu seus olhos brilhantes de futuro e pisou no abismo do presente. Entreviu cheio de um remorso sádico o que havia deixado adormecido no universo paralelo das possibilidades. Segurou seu queixo. Perdeu-se nos pensamentos do beijo que daria...

Sentiu o tocar dos lábios dele antes que a tocasse. Distância de um suspiro. Suas curvas e seus “ais”.

Tão suave quanto lembrava, fechou os olhos como se dor sentisse e o beijou.

Terceiro...

Segundo...

Primeiro...

Térreo...

Nova sacudidela no estômago. Olhos abertos, dedos fechados e um adeus de “nunca mais”.

quarta-feira, março 15, 2006

Retocando o batom





- Alô?
- Boa tarde, senhora, aqui é da operadora láiáláiá. Nós estamos ligando para estar oferecendo um serviço promocional imperdível para a senhora, pois fomos informados de que a senhora estaria pagando um valor muito alto na sua atual operadora. A senhora estaria interessada?
- É? qual é o valor que eu estou pagando?
- Consta nos registros da sua atual operadora que a senhora estaria pagando um valor acima da média para o padrão de cliente no qual a senhora se encaixa. A senhora gostaria estar ouvindo a proposta da operadora láiáláiá? Tenho certeza que a senhora não está satisfeita com o valor que está pagando.
- Sabe, eu gosto muito do valor que estou pagando. Na verdade, euadoro! Às vezes quando pago por depósito em envelope até coloco uns reais a mais, sabia?
- Ham... Hum... Er... Nesse caso, senhora, voltaremos a ligar quando a senhora estiver insatisfeita com o valor que está pagando. A láiáláiá agradece a atenção e deseja uma boa tarde!
Ufa! Me livrei! Pra cima de mim?

terça-feira, março 14, 2006

Meus Caminhos pelo Sertão





Se eu já tinha a fama de não ter uma higiene mental das melhores, agora sim que vou conforme a expressão popular, “deitar na cama” (Juro que não era a intenção esse trocadilho indecente!!!).

Mas com toda a sinceridade desta pseudo-abelha, confesso que não deu para evitar... Sábado fui convidada para um casamento em uma Granja (Tradução para os navegantes: pequena propriedade, não necessariamente muito pequena, destinada ao lazer de pessoas que geralmente não pisam lá.) em Boqueirão, cidadezinha próxima a minha onde a única coisa que realmente importa é um açude (nem me fale!). Lá fui eu para o dito casamento, quando me deparei frente ao enorme muro ai da foto do famosíssimo MOTEL AI.

É isso mesmo, o nome é esse... Imaginei um monte de coisa, sabe-se lá, motel só de virgens ou coisa assim. Confesso que até procurei por perto um “Motel Ui” que justificasse o “Ai” mas não encontrei...

Pensando eu que os nomes curiosos haviam acabado por ai, em uma das minhas inúmeras viagens ao interior, no caminho para a cidade de Araruna, passei por outro, enorme muro laranja, MOTEL VOCÊ É QUEM SABE.... Desse não deu para tirar a foto, mas para quem quiser um dia visitar, fica pertinho do bar de dois sócios chamado O Diplomata e o Trambiqueiro... Eu e meus caminhos pelo sertão...

quinta-feira, março 09, 2006

Dia do Homem – 15 de Julho


Estava eu em mais um “Dia da Mulher” comum quando encontro uma de minhas amigas indignadas porque recebeu os singelos parabéns de seu noivo.
Disse-me que detesta o dia da mulher, sabe como é... “todas as minorias têm seu dia” – escutei esta frase várias vezes durante o dia, vale salientar que de homens e mulheres.
Lutas e conquistas à parte, descobri hoje – e só hoje, infelizmente, por não poder responder aquela já mencionada frase, que também há o dia do homem.
Vejam que ironia, apenas o dia 15 de Julho é o dia do homem, e não todos os outros 364 como afirmam muitos.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Só não vale pedir presente retroativo.
O que passou, passou...

Teste de Revista



E lá vinha Mafalda com mais uma de suas perguntas:
- E entre ser obesa ou não ter uma mão?
- Ser obesa.
- Mas não pode fazer cirurgia de redução de estômago, nem nada. Tem que ser assim pra sempre.
- Mas, qual seria a mão?
- Ai, não pode barganhar... é a melhor mão! Tem que responder rápido!
- Tá, então prefiro não ter uma mão.
- Certo, e entre ser careca pra sempre, (sem poder usar peruca, nem chapéu, nem lenço) ou não ter um pé?
- Não ter um pé.
- Ok. E entre não ter peito nenhum, nenhum, ou ter seis dedos nas mãos (sem poder por silicone ou tirar os dedos)?
- Seis dedos, claro.
- Hum... vejamos. Primeira, resposta "b". Segunda, "b", e terceira também. Resultado do teste: Você dá muita importância à beleza. Você é fútil.
- Que doidiça de teste é esse?
- Eu to concorrendo a uma promoção da revista, quem inventar o melhor teste ganha!
- Nossa, que legal! Mas é claro que você vai ganhar....
- Mesmo? Você acha?
- Vai ganhar é um processo da associação das obesas, carecas e despeitadas!
- Eu não, eu prefiro as respostas opostas às suas.
- Então vai ganhar um processo da associação dos portadores de etc e tal, não faz diferença....
- Ixi! Será? Então vou pensar em outra coisa...
E lá foi ela pensar em outro teste. Eu, fiquei rindo e pensando, se os testes de revista fossem desse tipo seriam, ao menos, engraçados... Ela volta, muito rápido pra ter feito uma coisa boa.
- Ok, tá pronto. Vamos lá. É de "a" ou "b". Primeira pergunta: você prefere algo profundo mas de resultado demorado ou algo superficial que colhe os frutos rápido?
- Hum... depende.
- Não, não, depende não serve. É "a" ou "b", ok? É fácil, você consegue.
- (Eu mereço). Tá, "a".
- Segunda: Você prefere ser boa a vida toda ou ser espetacular em um momento específico da vida?
- Peraí, na letra b, no resto da vida eu seria péssima ou razoável?
- Me diga uma coisa, na hora do teste você liga pra revista pra tirar essas dúvidas? Não, né? Então tem que responder assim, do jeito que a pergunta foi feita.
- Afe! Tá, então letra "a".
- Última pergunta: se você fosse um homem, preferia um casamento estável ou estar sempre acompanhado de garotas de programa?
- Casamento estável.
- Hum... certo! Agora vamos ver o resultado. Três pontos, dá então o primeiro resultado, que é: Você prefere ser Bono a ser Ronaldinho Gaúcho!
- Hein? Mas me diga uma coisa, quem vai parar pra responder um teste desse? Eu não preciso de um teste de revista pra saber que eu preferia ser Bono a Ronaldinho Gaúcho!
- Você pensa que não, mas no fundo, ninguém sabe assim com tanta certeza!
- Ô Menina doida! Manda esse teste, manda! Você não vai ganhar é nada! Quem já viu? Um teste de três perguntas, a ou b, sem coerência nenhuma e ainda por cima com perguntas malucas.
- Ué, mãe, eu me baseei na profundidade e utilidade dos testes das suas revistas que encontrei aqui em casa. Não ficou igualzinho?
Ok. Ela venceu mais uma vez.

Retocando o batom...




Pela milionésima vez víamos a propaganda das Divas Lux Luxo, aquela onde a mulher pode ter um armário só para sapatos e outro só para amantes. E vem a pergunta:
- Então, qual desses amantes você queria?
Ao que respondo, sem pensar:
- Sabe, com esse armário só de sapatos nunca deu tempo de olhar pro de amantes...

sábado, março 04, 2006

Você é uma mulher moderna?

Abro meu e-mail e dou de cara com essa pergunta. (essa aí de cima mesmo)
Todos os dias somos indagados milhares de vezes, às vezes algo importante, às vezes algo completamente inútil.
Mas essa pergunta, por mais inútil que possa parecer, ficou na minha cabeça.
E num tempo de vacas magras para a inspiração, seria sem sombra de dúvidas um bom tema.
Afinal de contas, sou uma mulher moderna? Você é uma mulher (ou homem) (ou gay) Moderno?
Acho que pra começar temos que voltar a triste figura dos conceitos. (Será que isso é mal de advogado?)
Conceito do Lat. Conceptu, s. m., tudo o que o espírito concebe e entende; entendimento, idéia, opinião; concepção; síntese; a mente, o juízo, o entendimento; máxima; dito sentencioso; moralidade; parte da charada que indica o significado da decifração. (legal hein!)
Mas nós juristas aprendemos que todo bom conceito não é absoluto, existe sempre no mínimo mais uma opinião...
Sabe como é, tudo “DEPENDE”.
Olhando por esse lado... situação agradável esta em que nos encontramos, afinal com um pouco de boa vontade a resposta pra todas as perguntas pode ser sim.
E então, ser moderno tem haver com a vestimenta, com as atitudes ou com o pensamento?
Não, ser moderno não tem nada haver com o que você veste ou com o que você come, talvez sequer tenha algo haver com atitudes, mas ser moderno tem haver com o que você pensa, e como você “se pensa” no mundo.
E finalmente acho que ser moderno no mundo atual é não querer colocar as pessoas em categorias distintas, pois todos somos diferentes.
Então, sou mulher moderna, mas que não é?